2.Lepierre + Tinoco

Mas outra marca deixou Charles Lepierre em Portugal. Uma marca que, para a história que desenrolo perante vós, muito mais interessa do que o seu rico trabalho. Falo da sua filha Madeleine Anna Virginie Lepierre.

Mas a verdade é que de Madeleine sei muito pouco... Sei que nasceu em 1890, na cidade de Coimbra, tal como os seus irmãos mais novos, Henry (1891-1915 [nas trincheiras da Primeira Grande Guerra]) e Jeanne (1896). E imagino que por ali ter crescido e sociabilizado não lhe deve ter sido difícil estabelecer contacto com a realidade de Nogueira do Cravo (freguesia do concelho de Oliveira do Hospital), a mais ou menos 50 quilómetros da cidade banhada pelo Mondego.




Em Nogueira do Cravo (antiga Vila de Nogueira, outrora Couto de Nogueira) habitavam, há séculos, os Tinoco. E sempre (?) na residência habitual, uma casa tradicional beirã, em granito, datada de 1743, de seu nome Casa da Calle, ponto incontornável da pequena freguesia junto ao rio Alva. Não conheço o edifício, que certamente foi sofrendo alterações ao longo dos tempos, mas reconheço a minha enorme curiosidade em ver, acima de tudo, a lareira (será aquela, na imagem abaixo?), desenhada por Almada Negreiros (que parece ter feito igualmente o projecto do jazigo da família). As quatro imagens abaixo apanhei-as na internet, num site de turismo, pois parece que a Casa da Calle está (ou esteve) integrada na rede nacional de casas de Turismo Rural.




Mais. Sei que casou (em que ano?) com António Madeira Tinoco, marcando deste modo o cruzamento das duas famílias. Desse casamento, dois frutos: António Carlos Lepierre Tinoco e Carlos António Lepierre Tinoco. Desses dois falaremos no capítulo seguinte. Daí em diante a família segue como na imagem abaixo.




Se António Lepierre Tinoco tivesse perfilhado a filha de Maria Delmira Otêda e Oliveira Soares, isto é, a minha mãe, a história teria sido outra. Se esse "se" fosse mais que um mero "se", a família seguiria como na imagem abaixo.




Das mortes também sei muito pouco. As datas são extremamente difíceis de determinar, sobretudo quando não se tem acesso à fonte primordial, a família. Os Lepierre, sei que estão em Lisboa, no Alto de São João, em jazigo partilhado com uma tal família Reynaud. Essa família Reynaud cruza com a Lepierre quando Jeanne (a irmã mais nova de Madeleine) casa com um comerciante de Lisboa, Henry Reynaud. Desse jazigo comum foram sendo, ao longo do tempo, trasladados alguns corpos para o cemitério de Nogueira do Cravo, onde, naturalmente, imagino que estão sepultados todos os Tinoco. A vida trouxe-me num ápice para a América do Sul e não me permitiu visitar Nogueira do Cravo, daí não ter tido acesso nem à casa da família, nem ao cemitério onde repousam os que já partiram. Talvez um dia. De momento, novamente, resta-me o Google Maps e o seu Street View...